8 de julho de 2010

Quebradeiras da Chapada da Sindá recebem Kit de Beneficiamento do babaçu

Texto e imagens: Christianne Melo (Jornalista-DRT 1461)
Elas acordam cedo e entram mata adentro para realizarem o oficio que desempenham desde crianças: a “cata” de coco babaçu. As mulheres quebradeiras de coco babaçu sobrevivem, geração a geração, da quebra de coco e da venda de seus derivados como o azeite, o mesocarpo (a farinha), a casca para a produção de carvão e produtos artesanais.

Toda essa produção acontece de forma artesanal, seguindo um ritual lento e cansativo, que varia de acordo com o produto final que se quer alcançar e que vai ficando cada vez mais difícil com o passar dos anos, quando o vigor da juventude dá lugar a um corpo cansado e cheio de marcas do trabalho duro.

Aracy Pontes, moradora da localidade Chapada da Sindá (município de São João do Arraial-PI) e quebradeira de coco desde os nove anos de idade, conhece bem esta realidade. “A gente vai cedo pra catar o coco pra evitar o sol muito forte. Depois a gente quebra ele no machado pra poder tirar a amêndoa, torrar e passar na forrageira pra tirar o azeite. Isso tudo ainda é cuidando de casa, de filho, indo pra escola...”, explica.

Mas essa rotina está ficando um pouco menos sofrida com uma mãozinha da tecnologia. Isso porque a associação de quebradeiras de coco da Chapada da Sindá acaba de receber um kit de maquinário elétrico que irá auxiliá-las na produção de azeite e mesocarpo.

O kit é formado por uma prensa hidráulica, um quebrador de coco, um despeculador, um moinho e uma peneira. O despeculador retira a fibra do babaçu e extrai o mesocarpo, auxiliando a quebra do coco. O quebrador é composto de quatro lâminas que atuam de forma alternada e segura, uma vez que não há a necessidade de segurar o coco com as mãos.  Na prensa hidráulica, a amêndoa é prensada para a extração do oleo sem a necessidade de o coco estar torrado e moído, eliminando etapas de produção. O moinho funciona como triturador do coco e a peneira retira os résiduos de fibras da matéria-prima.

Todo o maquinário mais a estrutura de cobertura do galpão, montada na própria sede das quebradeiras da Chapada da Sindá, é resultado de um investimento de cerca de R$ 80 Mil, obra de parceria entre Governo do Estado através da Coordenadoria de Combate à Pobreza Rural (CCPR), Fundação Banco do Brasil (FBB), Movimento Interestadual das Quebradeiras de Coco Babaçu (MIQCB) e Prefeitura Municipal de São João do Arraial.

O projeto beneficiará 18 quebradeiras de coco que fazem parte da associação da Chapada da Sindá. Junto com as máquinas, as quebradeiras também receberão uma capacitação e treinamentos práticos para utilização das peças.


As máquinas não vão realizar tudo automaticamente, mas certamente diminuirão o esforço que essas mulheres realizam no dia-a-dia. Elas não estão aqui para substituir o papel das quebradeiras, mas para serem suas aliadas, ferramentas de trabalho e de produção”, afirma o prefeito de São João do Arraial, Francisco Limma, que acompanhou a montagem e entrega do kit juntamente com as mulheres quebradeiras da Chapada da Sindá, o secretário municipal de agricultura Francisco Cardoso e sua equipe de técnicos, além de representantes do MIQCB e da EFA Cocais.

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