13 de março de 2011

Piauí celebra os 188 anos da Batalha do Jenipapo

De um lado, piauienses sem treinamento militar lutando por um ideal de liberdade. Do outro, tropas portuguesas bem armadas que resistiam à Independência do Brasil e seguiam ordens da Coroa para sufocar os insurgentes. Na luta desigual, o povo da Província do Piauí se armou de pedras e paus para enfrentar os tiros de canhões. Eles perderam a batalha contra o bem treinado exército lusitano, muitos morreram, mas ajudaram a garantir, com o próprio sangue, a unidade do Brasil

O episódio, que ficou conhecido como Batalha do Jenipapo, aconteceu no dia 13 de março de 1823, às margens do rio Jenipapo, em uma área que atualmente é parte do município de Campo Maior. Em 2011, 188 anos depois, a coragem dos piauienses que ousaram lutar contra o domínio português ainda rende muitas homenagens.  Neste domingo (13), uma ampla programação relembra a história desses guerreiros, e tem como palco principal o monumento “Heróis do Jenipapo”, erguido próximo ao local da luta.

Além da solenidade cívico-militar, com a entrega de medalhas e a outorga da Ordem Estadual do Mérito Renascença – homenagem reservada a personalidades que de alguma maneira auxiliaram no desenvolvimento do Piauí – uma grande encenação envolvendo um corpo de 100 atores reviverá, ao ar livre, partes importantes dessa história.

Unidade nacional conquistada pelos piauienses

Na época da Batalha do Jenipapo, a ex-colônia Brasil tentava se desgarrar definitivamente do domínio português após a proclamação da Independência, feita pelo príncipe regente Dom Pedro I no dia 7 de setembro de 1822. O problema é que mesmo após o grito do Ipiranga, a Coroa Portuguesa não desistiu de manter o domínio sobre as terras brasileiras. O escritor e pesquisador Manoel Paulo Nunes explica que um dos objetivos lusitanos era criar o Estado do Brasil do Norte, reunindo as províncias do Maranhão, Grão Pará e Piauí, mantendo ao menos essa parte da ex-colônia subordinada a Portugal. Não esperavam enfrentar tanta resistência do lado piauiense.

D. João VI havia mandado o major Fidié para Oeiras (oficial que havia se destacado nas guerras contra Napoleão Bonaparte) com o objetivo de manter a Província do Piauí subordinada a Portugal”, conta Manoel Paulo Nunes.  Fidié teve muito trabalho. Ainda em outubro de 1822, parnaibanos proclamaram a adesão da província do Piauí à Independência do Brasil. Para tentar sufocar o movimento, o major deslocou as tropas portuguesas para o norte e acabou deixando a capital da província desguarnecida. Aproveitando a pouca resistência, os libertários piauienses tomaram o controle de Oeiras, em 24 de janeiro de 1823, comandados pelo brigadeiro Manoel de Sousa Martins, que viria a se tornar o Visconde de Parnaíba. Diante do ocorrido, Fidié teve que retornar. Na volta para a capital, ainda na tentativa de reprimir os rebeldes, as tropas portuguesas enfrentaram resistência em Piracuruca e também, de forma mais decisiva, em Campo Maior, no que viria a entrar para a história como a Batalha do Jenipapo.

A luta foi sangrenta e estima-se que entre 400 e 700 patriotas do lado piauiense tenham morrido durante a batalha. As tropas lusitanas venceram a Batalha do Jenipapo, mas perderam a carga de guerra, o que obrigou Fidié a recuar, abandonar a província piauiense e se aquartelar em Caxias, no Maranhão, onde foi sitiado e preso pelas tropas lideradas pelo brigadeiro Manoel de Sousa Martins, para depois ser deportado para Portugal.

Muitos especialistas, como é o caso do jornalista e escritor Laurentino Gomes, consideram que a resistência piauiense foi fundamental para que o território brasileiro tivesse a extensão e a unidade que possui hoje, dando fim às ambições portuguesas de manter o domínio sobre a parte norte do Brasil. No seu último livro, intitulado “1822”, Laurentino dedica um capítulo à história que aconteceu em Campo Maior, considerado por ele o “mais trágico confronto na Guerra da Independência”. O escritor será um dos homenageados com a Ordem do Mérito Renascença do Piauí na solenidade dos 188 anos da Batalha.

No Piauí, de modo especial, a Independência se define como um pleito que dividiu fundamentalmente duas vertentes inconciliáveis do nosso pensamento político. De um lado, aqueles que, por inércia ou conservadorismo, preferiram ficar ao lado da metrópole portuguesa. Do outro lado, os que, aspirando a uma pátria livre, desejavam sustentar até mesmo com a força das armas o lema de D. Pedro, ao querer preservar-lhe também a unidade nacional”, resume Manoel Paulo Nunes.

Encenação da peça teatral chega a sua 14ª edição
Um dos grandes momentos da programação pelo dia 13 de março é o tradicional espetáculo teatral encenado pelo Grupo Harém em pleno pátio do Monumento Heróis do Jenipapo, em Campo Maior.

Nesta 14ª edição do espetáculo, a encenação da Batalha do Jenipapo envolve mais de 100 atores oriundos de Teresina e Campo Maior e conta também com a participação de grupos de capoeira e da cavalaria da Polícia Militar. A exibição, feita ao ar livre, narra a história de luta dos piauienses contra a resistência portuguesa na tentativa de conquistar a independência. “Houve focos de luta nas regiões de Parnaíba, Oeiras, Piracuruca e Campo Maior. Durante o espetáculo, nós procuramos contar um pouco desse contexto anterior que veio culminar na Batalha do Jenipapo, no dia 13 de março de 1823”, afirma Francisco Pelé, coordenador do Grupo Harém de Teatro e um dos produtores do espetáculo que será exibido em Campo Maior.

A grande novidade para a encenação deste ano será a participação do Coral de Vaqueiros do Piauí, que vai apresentar uma versão do Hino do Vaqueiro no fechamento do espetáculo. “O espetáculo vem crescendo a cada ano, começou tímido, mas vem ganhando uma grandiosidade. Ele funciona como uma versão do teatro de cortejo, feito na rua. Nossa intenção é ampliá-lo a cada ano e fazer uma espécie de opereta”, afirma Francisco Pelé.

O espetáculo Batalha do Jenipapo tem duração de 40 minutos. O texto, adaptado a partir do trabalho de historiadores que reconhecem a importância do evento para a história do Brasil, é de autoria de Ací Campelo. A direção é de Arimatan Martins.

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