12 de novembro de 2009

Liberdade, liberdade, abre as asas sobre nós


Um ambulante sentou-se à praça do mercado e ao lado colocou um saco aparentemente vazio. Para espanto dos que passavam, anunciava a altos brados que no saco havia mercadorias que todos desejariam comprar. Vendia de tudo, garantia, para uma vida mais feliz.

Aproximou-se uma mulher triste perguntou se vendia alegria. Claro, ele disse. E, metendo a mão no saco, tirou-a inteiramente vazia. A mulher contestou. Ali não havia nada. Mas ele garantiu: havia sim. Ela poderia tocar. A mulher estendeu a mão e tocou em algo macio, gostoso de pegar. Era a alegria. A alegria é invisível, sorriu o vendedor. Você só pode sentir. A mulher pegou a alegria e seus lábios se transformaram em sorriso.

Alguém pediu felicidade. Ele advertiu: felicidade é mais difícil. É mais cara. Quer assim mesmo? Queria, a pessoa queria. Pagou, recebeu a invisível mercadoria, mas não sentiu-se feliz. O senhor me enganou. Ele rebateu: não enganei. É que a felicidade precisa de complementos. Se quiser mesmo ser feliz, precisa também comprar ousadia, luta e ter já em si - e isso ele não podia vender - capacidade de saber usar a felicidade, mesmo que os outros sejam contra. A pessoa desistiu e continuou infeliz.

Em seguida veio um homem, que queria liberdade. Liberdade?, ele perguntou e em seguida disse: tenho de diversos tipos. De primeira, de segunda e de terceira. Como assim?, quis saber o homem. É o seguinte, disse o vendedor: liberdade de primeira exige que o comprador, para usá-la, tenha coragem. Sem coragem, ninguém é livre; liberdade de segunda é aquela que lhe dizem que é liberdade, ou seja: você é livre segundo o que já está determinado.

O homem entendia. E liberdade de terceira?, quis saber. Bom, essa, afirmou o vendedor, é a liberdade de quem não tem coragem porque nunca a descobriu; força, porque nunca se testou e passos, porque nunca caminhou. Qual vai querer?

E você, que me lê, qual vai querer?

Enviado por Emanuel Barreto

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