6 de dezembro de 2010

'Muita gente fala que eu quero ser candidato a prefeito', diz Themístocles Filho

Themístocles Filho (PMDB), advogado, integrante de família política tradicional da região de Esperantina, vai para seu quinto mandato como deputado estadual.

Apesar da resistência de alguns colegas, está perto de costurar o acordo que possibilitará uma nova reeleição ao principal cargo da mesa diretora da Alepi. Nos bastidores, dá-se conta de que o principal concorrente de Themístocles, o deputado estadual Wilson Brandão (PSB), assumirá uma secretaria de Estado.

Em entrevista ao jornal O Dia, Themístocles, porém, nega qualquer negociação e prefere falar sobre seus projetos, muitos voltados para Teresina, o que condiz com especulações de que sua próxima empreitada política pode ser concorrer à Prefeitura Municipal de Teresina em 2012.

Deputado, o senhor pleiteia o quarto mandato consecutivo à frente da Assembleia. Por que o senhor seria o melhor candidato? Alguns deputados defendem a alternância de poder, são contra o seu nome. Por que o senhor seria o melhor nome nesse momento?
Quem decide quem será presidente da Assembleia do Piauí são os deputados estaduais. Na Câmara Federal, os deputados federais. E, no Senado, os senadores. Nós estamos para concluir uma etapa de transformação da Assembleia. Conseguimos nossa TV aberta, a primeira TV aberta do Brasil. Conseguimos tirar nossa rádio FM Assembleia do Ministério das Comunicações. Só depois que a Câmara Federal votar em uma Comissão Técnica e o Senado votar em outra Comissão Técnica é que nós podemos colocar no ar nossa rádio FM Assembleia. Esse é um trabalho que demorou muito e eu pretendo deixar a Assembleia em matéria de comunicação bem próxima da população.

Então o senhor acha que ainda há um projeto a ser concluído?
Estamos fazendo no Complexo do Mirante Monte Castelo uma sede bem ampla da TV Assembleia e da futura Rádio Assembleia. É importante esse trabalho porque mostra o trabalho dos deputados, mas também damos oportunidade para os artistas, para o que tem de bom no estado do Piauí. Não é só para os deputados, mas para apresentar projetos culturais, o que acontece em Teresina, no interior, que tem muitas coisas boas para ser mostradas.

Essa atuação em relação a obras e projetos tem causado críticas sobre uma aproximação da Assembleia das funções do Executivo. Como o senhor rebate essas críticas?

Se alguém não gosta da TV Assembleia não posso fazer nada. Se alguém não gosta da Rádio FM Assembleia, também não. Mas isso é assim mesmo, cada um tem direito de criticar, isso é normal.

Deputado, nos bastidores comenta-se que há uma negociação para que o deputado Wilson Brandão assuma uma secretaria de Governo nesse primeiro biênio e o senhor permaneça na Presidência, e que depois trocariam os papéis...
Isso aí eu queria até que as pessoas me informassem para eu ganhar na loteria esportiva, na Mega-Sena. Qualquer pessoa pode dizer o que acha. Especular nesse campo é normal. Fala-se muito agora em secretariado, ministério. Não vou me incomodar com esse tipo de especulação.

O senhor acha que Wilson Brandão seria um bom presidente?
Vou repetir, quem escolhe presidente não é o deputado Themístocles Filho, são os deputados estaduais. Eu sou apenas um dos 30 votos. O cidadão, para se eleger presidente precisa de 16 votos dos nossos deputados. Se a gente ainda vai votar, escolher em fevereiro de 2011, como eu vou pensar daqui a dois anos e dois meses? Muita gente também fala que eu quero ser candidato a prefeito (de Teresina), mas já falei que esse é um assunto que o PMDB só tratará em 2012. Não quero atrapalhar a administração do atual prefeito, do governador. Eu não trato de política agora em 2011. Esse tema o deputado Temístocles, o PMDB, só vai tratar em 2012. Agora, não é tempo para isso.

Quais são os fatores determinantes para ser um bom presidente da Assembleia?
Primeiro, um bom relacionamento com os deputados e ter projetos. Qualquer candidato a presidente da Assembleia deve saber o que pretende fazer. Eu enveredei pela área das comunicações, da Escola do Legislativo. Nós temos parceria com a Universidade Federal do Piauí. Eu me orgulho muito disso. A UFPI dá aulas de graça. O cidadão recebe um diploma da Universidade Federal no Complexo da Assembleia que fica lá no Dirceu. Isso é bom... o Sebrae, a Fiepi a Justiça Itinerante. Se a Assembleia pode ajudar através da nossa Fundação, por que não?

Recentemente, o deputado estadual eleito Merlong Solano criticou a administração da Assembleia, afirmando que ela não seria transparente. O que o senhor diz a respeito?

Não vou responder crítica de ninguém. Qualquer um pode dizer o que quiser. No dia que ele chegar lá, vai tomar posse e olhar de perto.

Outra crítica comum é em relação ao fato de a Alepi ser a segunda Assembleia mais cara proporcionalmente no Brasil.

Isso é quem não conhece o Brasil. Você acha que a Assembleia do Piauí gasta mais que a do Maranhão, do Ceará?
Mas os deputados recebem o teto constitucional, que é 75% do que ganham os deputados federais. Isso é em todo o Brasil. É um assunto tão pequeno para a gente discutir. Isso é assim há mais de 15 anos, quando eu cheguei à Assembleia... Isso está na Constituição Federal. No Brasil todo é desse jeito.

Você vai criticar porque um promotor do Piauí ganha igual a um promotor de São Paulo? Vamos fazer uma campanha contra... que um desembargador, um juiz do Piauí não ganhe o mesmo que um desembargador, um juiz de São Paulo. Se for assim, vamos pegar todos os setores. O Piauí tem de ser discriminado, diferenciado, em segundo plano? Acho que essa crítica não é por aí não.

E como seria?
Cada um fala o que quer. Eu defendo um Piauí melhor. Eu defendo que as entradas de Teresina... quem conhece Rio Grande do Norte, Pernambuco, Alagoas... ao chegar nesse estados, tem seis pistas. Teresina só tem duas. Temos de defender um Piauí maior. É assim que eu faço. Vou ficar olhando para esses detalhes e esqueço o que a população mais almeja. Defendo a BR 222 que liga o Fortaleza a São Luis e Belém do Pará, que vai tirar 20% das carretas que circulam em Teresina, vai gerar emprego e renda, o desenvolvimento do Piauí. Defendo que a Assembleia participe ativamente do combate ao problema das drogas que estão já em Teresina, até no interior. Defendo assim.. coloquei até dinheiro através de meu pai colocamos 500 mil reais para a Secretaria Estadual de Saúde para começar esse trabalho. Quem prende é a polícia, mas fica muita gente dependente química e esses dependentes químicos devem ser tratados pelo Estado. Então, há muita coisa a se fazer. Muita coisa foi feita, mas tem muita coisa ainda a fazer. Temos de juntar forças para fazer um Piauí cada vez melhor.

O senhor admite queda de produtividade este ano na Assembleia, especialmente por conta do período de eleição?
Não. Todos os projetos tramitando na Assembleia até o dia 15 de dezembro serão analisados e votados, aprovados ou não.

O governador tem apoio de 25 dos 30 deputados, praticamente a mesma proporção que tinha Wellington Dias. A Casa não fica refém do Executivo?

Se for assim, em nível federal está refém. O Ceará está refém. Cada deputado estadual tem de pensar no Piauí. O mesmo eleitor que votou no governador Wilson Martins votou nos deputados estaduais. Cada deputado pensa na cidade A, na cidade B, o que pode fazer para melhorar a cidade, levar universidade, IFPI, educação, saúde para a capital e interior do Estado. Cada deputado tem essa responsabilidade. Não penso desse jeito. Claro que o governador tem uma folga para aprovar as matérias de interesse. Mas, nenhum governador vai enviar projetos à Assembleia que a população não aceite porque ele foi eleito pela população. Então, com certeza ele vai colocar projetos na Assembleia que ajudem a desenvolver o Estado do Piauí.

O PT enviará proposta pelo fim da reeleição para a Presidência da Assembleia. Qual sua opinião sobre o assunto?
Isso é natural. Tenho nada contra. O cidadão pode botar em plenário... da minha boca nenhum entrevistador vai tirar palavras para ofender A, B. Isso é um direito de cada cidadão. Tanto que quem ler essa entrevista vai ter o direito de criticar o deputado Themístocles, o Governo do Estado. Ora, pensaram até contra Jesus Cristo.

Mas o senhor é contrário a acabar com a reeleição?
Não sou contrário a nada. Quem decide na Assembleia são os deputados. Eu sou apenas um voto. O que os deputados estaduais decidirem eu tenho de acatar. Não vou fazer batalha contra projeto A, projeto B defende minhas ideias. Cidadão que não defende suas ideias pra que ser eleito deputado, senador, governador?

Mas sua ideia é pela reeleição...
Não estou dizendo isso. Repito, acho que esse tema da nossa entrevista deveria ser focado... é tão pequeno esse tema de reeleição, vai acontecer em fevereiro. Vamos discutir o Piauí. Esse é o tema que eu puxo em todas as minhas entrevistas. Teresina, por exemplo, não tem um viaduto. O problema do trânsito não é culpa do atual prefeito, nem do ex-prefeito, mas é algo que vem de muitos anos. No Rio de Janeiro, esse problema das drogas que está aí a polícia agindo duramente, Governo Federal, Estado, Prefeitura. Esse é um problema de 50 anos. Por isso que digo que a gente tem de fazer uma frente para que daqui a 30 anos isso não aconteça na nossa capital. Quanto a projetos, qualquer deputado pode colocar qualquer projeto na Assembléia que quem vota são os deputados, não é o deputado Themístocles Filho que vai fazer disso cavalo de batalha.

E quais os projetos do deputado Temístocles Filho?
Temos muitos. Já falei aqui... e já com dinheiro. Todos os projetos que estou falando são com dinheiro. Falar é fácil, difícil é conseguir o dinheiro para eles. Colocamos agora para a Prefeitura de Teresina, através de meu pai, que é deputado federal, um milhão de reais, para fazer aquela praça em frente ao TRE e abrir ruas para facilitar o trânsito. A BR 222. Teatros. Colocamos recursos para quatro teatros no interior no Estado: Luzilândia, Barras, Monsenhor Gil e Valença. Além de estradas. Por exemplo, de Barras a Miguel Alves, BR 222; são várias obras que penso a favor do Piauí e quando eu penso vou atrás dos recursos também. Sem dinheiro, não se executa nada. Com certeza, esta bela sala precisou de muito dinheiro para ser feita.

A curto e médio prazo, o senhor permanece na Assembleia, mas qual o destino vislumbrado em pelo senhor a longo prazo?

Isso ninguém sabe. Na política, ninguém sabe o que vai acontecer daqui a um, dois, três, quatro anos. Na política ninguém sabe o que vai acontecer. Eu posso até sair da política, como qualquer um. A gente tem de estar preparado para tudo. Meu irmão hoje é deputado federal, o deputado federal mais votado de nossa capital. Há 10 anos, meu irmão nem imaginava que seria candidato a deputado federal, mas fez um belíssimo trabalho à frente da Delegacia do Idoso, o que o credenciou... dificilmente alguém fez o que ele fez, devolver dinheiro para as pessoas de quem foi tirado dinheiro através de golpes. Além de prender, ele devolveu dinheiro para muitos idosos no Piauí. A dignidade, o carinho, foi um trabalho magnífico que o credenciou. Algo que a gente nem imagina.

O senhor pensa em ir para a Câmara Federal?
Não. Meu irmão não representa a família. Meu irmão representa o povo do Piauí. Nenhum deputado está na Câmara Federal representando a família. Então o Wellington Dias está representando a família dele? O Ciro, o João Vicente? Você representa a população. Todos os deputado federais tiveram mais de 100 mil votos. Será que isso é voto familiar?

Lideranças do PMDB disseram que a ideia é manter ao menos as mesmas secretarias que detém atualmente no Governo Estadual...

Isso é decisão do governador. Ele que vai avaliar e decidir.

Falou-se que o governador Wilson Martins convidou seu irmão para assumir a Secretaria Estadual de Segurança Pública. Por que ele não aceitou?
Nunca o governador falou com meu irmão. Talvez alguém colocou essa notícia, mas o governador nunca falou com meu irmão.

Fonte: JORNAL O DIA

Um comentário:

  1. Tradicional político de Esperantina? Blah! Tradicional garapeiro político de Esperantina, isso sim! Só lembra do município no período eleitoral para pegar os votos dele, além do mais, na entrevista nem menciona nada sobre Esperantina. É um ingrato! Tantos votos que ele ainda leva proporcionalmente em relação a outros municípios!
    Sem falar que não passa de um político ambicioso. Se dependesse dele, viraria o dono do mundo! Isso até seria bom se ele fosse uma boa pessoa, mas sinceramente...

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